Tendências de inovação no governo para 2019

Tendências de inovação no governo para 2019

No texto abaixo, reunimos os principais pontos do Embracing Innovation in Government – Global Trends 2019, relatório do Observatório de Inovação no Setor Público da OCDE publicado em fevereiro de 2019, e que reúnem 3 tendências de inovação no governo. O relatório já tem alguns meses e cita tendências que ainda não integram o nosso cotidiano brasileiro.

Tendência #01: Do invisível para o visível

Nos últimos anos, a transparência tem se tornado uma meta de muitos governos. Em um processo que fomenta a confiança, tornar o governo mais transparente para o cidadãos é algo comum em países democráticos. Entretanto, as perspectivas e opiniões de residentes e visitantes ainda seguem sendo algo invisível em alguns países. Neste tópico, o relatório nos traz três exemplos de inovações já em uso:

Insights comportamentais e gamificação – O Carrot Rewards é um aplicativo que visa – por meio da gamificação com quizzes – entender melhor as motivações e perspectivas dos cidadãos canadenses e incentivá-los a tomar melhores decisões, como vida saudável e sustentabilidade ambiental. Os canadenses usam o aplicativo para fazer testes e acumular pontos que são transformados em programas de fidelidade. Lançado como uma parceria público-privada inovadora, o Carrot Rewards tornou-se um dos aplicativos de bem-estar mais populares do Canadá.

Tendências de inovação no governo para 2019

Tecnologia imersiva – A prefeitura de Hamburgo, na Alemanha, o Laboratório de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a Universidade HafenCity de Hamburgo desenvolveram o Finding Places, uma solução de realidade aumentada que permite engajar os moradores na busca por identificar locais para abrigar um número cada vez maior de refugiados na cidade. Combinando peças de LEGO com sensores e algoritmos de simulação geográfica – decodificado por cores – o sistema permite que os usuários proponham coletivamente locais de alojamento para os refugiados.

Ciência cidadã – Criado para combater os crescentes surtos de Zika em Queensland, na Austrália, o governo local lançou o Zika Mozzie Seeker, um programa que capacita milhares de cientistas cidadãos a instalarem armadilhas de mosquitos que servem como um sistema de alerta e controle para detectar mosquitos capazes de transportar o vírus.

Tendência #02: Abrindo portas

De acordo com o estudo do OCDE, “a complexidade do governo tem tradicionalmente limitado a participação e minimizado o valor público para as populações carentes. Mas novas tecnologias, dados abertos e o surgimento de novos modelos de negócios criaram espaço para os governos explorarem novas oportunidades que abrem portas para o valor público do governo.” Ou seja, essas inovações – quando orientadas da forma correta – transformam-se em maneiras de abrir portas para que todos tenham acesso ao valor público do governo, ao mesmo tempo em que adotam as principais mudanças que ocorrem na vida cotidiana das pessoas. Entre os exemplos, estão:

Economia circular como moeda: Na tentativa de limitar os danos da mudança climática, os governos estão se concentrando em projetos sustentáveis para criar uma economia mais ecológica. Na Indonésia, o governo lançou o Suruboyo Bus, iniciativa que permite aos moradores da cidade pagar pela passagem de ônibus com garrafas recicláveis. O projeto incentiva a melhoria dos hábitos de reciclagem e ajuda a abrir as portas do transporte público para aqueles com menos recursos financeiros.

Economia de plataforma: A cidade de Amsterdã começou a alugar escritórios subutilizados em prédios do governo para organizações da sociedade civil, criando um programa piloto de compartilhamento de espaço ao estilo do Airbnb e coworkings.

Acesso à justiça: O acesso à justiça é um fator determinante do crescimento inclusivo, do bem-estar dos cidadãos e das administrações públicas sólidas. Ela também influencia no desempenho econômico e está diretamente ligada à confiança do governo. Criado pelo Code for America, o “Clear My Record” é um processo automatizado que elimina os registros criminais de indivíduos que já cumpriram penas. O sistema aplica um algoritmo de código aberto para revisar registros, determinar a elegibilidade e produzir documentos para os tribunais. Disponível em todo estado da Califórnia, o sistema já beneficiou milhares de pessoas com antecedentes criminais, abrindo portas para aspectos da sociedade e da economia que são de difícil acesso com um antecedente, como, por exemplo, conseguir um emprego.

Tendência #03 – Mundo legível por máquinas

Nosso mundo está sendo traduzido em bits e bytes que podem ser lidos por máquinas e alimentados por algoritmos. Os governos estão inovando para reconceber o modo como a política e a legislação são criadas, tornando-as legíveis por máquina, principalmente com o uso de inteligências artificiais. Com isso, os governos estão reconhecendo o potencial inovador dos dados legíveis por máquina e estão desenvolvendo projetos inovadores que têm o potencial de reconceber um dos papéis mais fundamentais do governo, criando leis que impactam o dia a dia dos cidadãos e das empresas.

Lei como código: Durante décadas, a forma como os governos desenvolveram leis, políticas e outros tipos de regras permaneceu estagnada, mas alguns governos começaram a projetar, publicar e refinar essas regras em formatos legíveis por máquina. Na Nova Zelândia, o governo local criou o “Better Rules” (disponível aqui, em inglês), um projeto piloto inovador que reescreve leis como códigos para ajudar a garantir a implementação adequada e desenvolver ciclos de feedback em tempo real entre o projeto legislativo e o processo de implementação.

Digitalizando características humanas: Alguns governos transformaram as decisões humanas e dados do meio ambiente em dados legíveis por máquinas, que podem ser introduzidos em algoritmos, automatizando decisões. Em Queensland, na Austrália, o departamento de Meio Ambiente e Ciência adotou um algoritmo a para mapear e classificar automaticamente o uso da terra em imagens de satélite, o que permite com que se concentrem na ciência, em vez de desenhar linhas nos mapas. Esses dados permitem melhorar a resposta a emergências, a prontidão de surtos de doenças e a conservação da biodiversidade, entre outras coisas.

Tecnologias emergentes: Na Mongólia, cerca de 40% de todos os remédios são falsos, causando muitas mortes anualmente e outras complicações. Com o objetivo de reduzir esse cenário, o governo local fez uma parceria com o setor privado para usar blockchain e inteligência artificial para rastrear cada lote de medicamentos ao longo de cada etapa da cadeia de suprimentos.

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