Ser um governo 4.0 já não é mais uma tendência, mas uma necessidade. As vantagens são inúmeras e já falamos algumas delas no texto “O que podemos aprender com a digitalização e o governo 4.0 da Estônia?”. No Brasil, o governo federal tem digitalizado serviços para reduzir burocracia e economizar, mas ainda existe muitas oportunidades no setor de Govtech. No texto abaixo, reunimos uma lista de 10 tecnologias que estarão em ascensão em 2020.
Para começar, cada governo digital deve estar preparado contra ataques. As fraudes em todo o mundo visam obter dados preciosos sobre os cidadãos armazenados nos servidores públicos (veja aqui o caso da Índia, onde o sistema de biometria foi hackeado). Além disso, os hackers continuamente inventam novas maneiras de se infiltrar em sistemas protegidos, portanto, os especialistas em segurança cibernética precisam definir medidas adaptativas. Essa tendência se tornará mais importante com a proliferação de iniciativas digitais de Govtech. Leia mais no texto “Cazaquistão: Desafios da segurança cibernética e a transformação digital”.
Com o extenso volume de dados processados pelos governos, os sistemas de inteligência artificial podem se tornar um ativo valioso. No início do ano, vimos que, para reduzir a fila do INSS, cada servidor teria que lidar com mais de 200 processos por mês. Com a aplicação de soluções que utilizem inteligência artificial os servidores não seriam substituídos, mas ganham uma ajuda considerável no dia a dia do seu trabalho.
O setor privado, principalmente o varejo, já se utiliza destas análises comportamentais e preditivas para identificar possíveis consumidores e novos produtos. Unido a inteligência artificial, estas soluções podem ser aplicadas no setor público para soluções que vão de segurança fiscal, até melhorar a prestação de serviços, como um hospital, por exemplo.
Acompanhando o item anterior, um dos problemas mais dolorosos do mundo moderno é a falta de privacidade de dados. O setor público reúne muitos dados e, na grande maioria, sensíveis. Organismos locais e grupos internacionais desenvolverão novos padrões de uso de dados, monitorando seu cumprimento e punindo aqueles que abusarem dos dados. No Brasil, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) já se aplica ao setor público e privado. Saiba mais no texto: “LGPD: Lei Geral de Proteção de Dados e os impactos no setor público”.
Por meio de dados integrados e com verificações simples de identidade digital, os cidadãos podem obter acesso a serviços rápidos e de alta qualidade: documentos on-line, filas eletrônicas, operações governamentais transparentes, negócios fáceis e muito mais. O Brasil segue bem neste cenário e mais de 500 serviços já estão disponíveis via a plataforma digital Gov.br.
Produtos e serviços em nuvem são familiares aos usuários modernos. Em poucas palavras, governos podem alugar remotamente o armazenamento e/ou o poder de processamento para reduzir a carga (impedindo gargalos), conectar as partes interessadas digitalmente, etc
Embora os governos possam emprestar muitas estratégias do setor privado, eles também precisam de espaço para inovações próprias. Por exemplo, experimentos com moedas digitais ou serviços de assistência médica em larga escala necessitam de testes, avaliações e desenvolvimento adequados. Para isso, existem os laboratórios de inovação em governo, que impulsionam as iniciativas inovadoras, mantendo-as em um ambiente controlado, quando em fase de testes. Estes espaços ajudam a executar testes e verificar se uma ideia específica é viável ou não.
É importante os governos compreenderem que um “tamanho” não serve para todos. Quanto mais pessoas vivem no seu país, mais diversificadas elas são e mais diferentes são as necessidades que elas enfrentam. Para isso, tratar os cidadãos como clientes é uma tendência relevante. Uma boa ideia começa com opções de interação. Governos podem adotar chatbots, assistentes inteligentes, AR e presença on-line em geral.
A ideia de serviços compartilhados é bastante antiga, e alguns governos tentaram implementá-lo. No entanto, não tiveram sucesso devido ao foco na economia de custos. As estratégias de serviços compartilhados 2.0 fornecem orientação sobre o valor para usuários. Eles ajudam a reunir serviços públicos padrões e outras operações em um hub central. Um centro de serviço público que une várias opções é um bom exemplo focado no cidadão, conhecido como “balcão único” ou “one shop” . Em São Paulo, o Poupatempo é um dos exemplos de sucesso neste cenário no Estado de São Paulo.
Conectando todas as tendências, os governos devem chegar ao ecossistema inteligente final. Hoje, estamos familiarizados com as ideias de cidades inteligentes, mas vale a pena investir em outras soluções inteligentes: campus para educação, centros de transporte para logística, comunidades rurais para agricultura, etc. Um país inteligente pode ser dividido em regiões inteligentes e interconectadas que incluem os ecossistemas menores. Formando um zoneamento inteligente.
Confira 13 eventos online sobre design e inovação para participar em 2021
Saúde em Ação: como políticas públicas de saúde voltadas à atenção básica podem ampliar acesso e melhorar atendimento no SUS
Agência Tellus sistematiza experiências em Programa Piloto de Inovação na Gestão Pública