A poluição do ar é um dos grandes problemas que enfrentamos atualmente. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ela mata mais de 7 milhões de pessoas por ano e nove em cada dez pessoas respiram ar contendo altos níveis de poluentes. Na última semana (03), Nova Délhi, na Índia, registrou recorde histórico de poluição aérea, ao ponto do ministro-chefe, Arvind Kejriwal, afirmar que a capital indiana havia se transformado em “uma câmara de gás.”
De acordo com o InovaSocial, um estudo recente mostra que as emissões anuais de CO2 produzidas pela humanidade, através da queima de combustíveis fósseis e florestas e afins, são de 40 a 100 vezes maiores que todas as emissões vulcânicas. Ou seja, são índices que estão deixando gestores públicos cada vez mais preocupados. Algumas cidades adotam o rodízio de carros como forma de amenizar esse problema, mas o efeito não tem sido tão grande. Para efeito de comparação, durante a greve de caminhoneiros de 2018, a capital paulista viu a poluição do ar cair pela metade com ausência de veículos. Já no texto “Mobilidade urbana: Veículos a combustão vão desaparecer na próxima década, diz estudo” mostramos como algumas cidades têm adotado a política pública de reduzir o acesso de automóveis em algumas regiões de cidades, ao ponto de especialistas apostarem no desaparecimento dos veículos a combustão.
Em nosso texto mais recente, “O futuro do design está na biomimética?”, falamos sobre a importância de observar na natureza soluções que nos ajudem no desenvolvimento de alternativas inovadoras. As plantas aquáticas, também conhecidas como algas, são organismos unicelulares que produzem um fenômeno conhecido como biorremediação, que permite que esses microrganismos removam poluentes do ambiente a sua volta.
Uma equipe de designers e engenheiros da University College London (UCL) estão trabalhando em uma solução que leva a biorremediação para azulejos especiais, compostos por ladrilhos de cerâmica, incrustado com microalgas e um hidrogel à base de algas marinhas. Criado por Shneel Malik, candidato a doutorado em Bartlett, na UCL, o sistema chamado Indus foi projetado para limpar as águas poluídas na Índia (atualmente, o país passa por um problema também de poluição das águas, pois fabricantes locais de joalheria e tintureiros usam água corrente no processo, fazendo com que corantes e outros produtos químicos contaminem as águas com cádmio, chumbo e arsênico).
Embora esse protótipo em particular tenha sido projetado para um contexto indiano, a ideia é maior. “Imaginamos que o Indus [sistema com algas artificiais] seja adaptável em diferentes regiões e continentes”, afirmou Brenda Parker, pesquisadora em engenharia bioquímica da UCL, em declaração para a Fast Company.
Atualmente, o hidrogel e as algas, incorporado em cada molde de folha falsa, pode ser usado por alguns meses, mas – uma vez saturado com materiais tóxicos -, precisa ser substituído. O objetivo de Malik e da equipe da UCL é que o novos processos consigam aumentar a longevidade do material e, como próximos passos, o Indus seja aplicado em um protótipo real no Reino Unido e que, em breve, seja levado para outros países por meio de, nas palavras de Malik, “uma rede de ONGs, organizações governamentais e comunidades artesanais locais que possam nos ajudar a aprofundar nossa pesquisa.”
A iniciativa, uma vez adotada em escala, pode ser uma solução para colaborar no saldo de emissão de CO2 nas grandes cidades. Assim como vimos o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, assinando um decreto que institui a obrigatoriedade da instalação de equipamentos para captação de energia solar em novas edificações estaduais, o Indus poderia ser mais uma alternativa.
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