De onde vêm as boas ideias? Uma introdução sobre criatividade

De onde vêm as boas ideias? Uma introdução sobre criatividade
Créditos: Shutterstock/HappyAprilBoy

De onde vêm as boas ideias? Segundo Steven Johnson, em seu livro que leva como título a pergunta que inicia este texto, as boas ideias são palpites lentos que levam tempo para evoluir. Ele está certo, uma boa ideia é resultado de um conjunto de repertórios que acumulamos durante muito tempo. É comum vermos grandes mentes criativas saindo do seu meio e circulando por áreas diversas. Veja o exemplo do empresário Steve Jobs. Por muitos considerado como gênio, por outros nem tanto, na sua juventude Jobs cursou Caligrafia na Reed College, em Portland.

No livro “Steve Jobs”, de Walter Isaacson, o magnata da indústria de tecnologia afirmou (em uma das mais de quarenta entrevistas feitas pelo seu biógrafo): “Aprendi sobre letras com serifas e sem serifas, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia excelente. Era lindo, histórico, artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode captar, e achei fantástico.” Depois de anos, esse repertório seria uma influência para Jobs trabalhar a tipografia do Macintosh.

Voltando ao livro “De onde vêm as boas ideias”, Johnson cita espaços que serviram como impulsionadores da criatividade na nossa história. Dos cafés do Iluminismo, aos salões parisienses do Modernismo, o autor afirma que (estes espaços) “criavam lugares onde as ideias podiam se misturar, se combinar e gerar novas formas.” De novo, um ponto importante para a criatividade. O meio é quase tão importante quanto a ideia. Ele pode ditar os caminhos que uma boa ideia seguirá. Veja, por exemplo, os espaços de coworkings e incubadoras de startups. Eles servem como um caldeirão de ideias e aquela pausa para o café da tarde pode servir como trampolim para duas ideias se encontrarem.

No universo público e privado, a criatividade é, constantemente, uma habilidade exigida por gestores. Mas se estamos fora destes “cafés parisienses modernos”, o que pode ser feito para criar ambientes em que qualquer pessoa possa sentir e agir de forma mais criativa? Segundo os pesquisadores Mihaly Csikszentmihalyi, professor de psicologia na Universidade de Chicago, e Teresa Amabile, psicóloga da Universidade de Stanford, “é mais fácil promover a criatividade através da modificação das condições ambientais (práticas de gestão), do que através do treinamento.”

Ações como incentivar a curiosidade dos colaboradores, gerar autonomia e criar flexibilidade em processos podem também colaborar para se criar um ambiente organizacional que ajuda na criatividade. Voltado ao livro de Johnson, é importante lembrar que o grande propulsor da inovação científica e tecnológica, sempre foi o aumento histórico na conectividade e na nossa capacidade de buscar outras pessoas com quem possamos trocar ideias e pegar emprestado palpites alheios, e combiná-los com os nosso próprios palpites e transformá-los em algo novo.

E ainda que não tenhamos ambientes favorecidos, treinamentos sobre inovação e equipes interdisciplinares com quem compartilhar nossos pensamentos, nosso processo criativo pode acontecer todos os dias. Os “Três Bs” são um ótimo exemplo de como as ideias surgem. É reconhecido que muitos insights emergem no momento em que estamos mais relaxados. Por isso, aquela famosa “eureka” acontece quando estamos deitados para dormir (Bad – cama) tomando banho (bath) ou nos trajetos diários (bus – ônibus), momentos nos quais estamos sozinhos com os nossos pensamentos e distantes das distrações e pressões cotidianas. Basta ter repertório e conhecimento sobre um determinado assunto para que grandes (ou pequenas) ideias aconteçam. Arquimedes, segundo a história, queria saber como medir o volume da coroa do rei Hierão sem a derreter. Quando entrou numa banheira com água descobriu uma forma de solução e saiu gritando “eureka, eureka”.

Austin Kleon, autor do livro “Roube como um artista: 10 dicas sobre criatividade” afirma que “o que um bom artista entende é que nada vem do nada. Todo trabalho criativo é construído sobre o que veio antes. Nada é totalmente original (…) Se estivermos livres do fardo de ser completamente originais, podemos parar de tentar construir algo do nada e abraçar a influência ao invés de fugirmos dela.” Isso é, basicamente, a combinação de novos palpites de Johnson. Confira abaixo o booktrailer do livro “De onde vêm as boas ideias”. E você, como você faz para ser cada dia mais criativo?

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Créditos: Imagem Destaque – Por HappyAprilBoy