O Design Social pode ser entendido como uma ferramenta de inovação capaz de transformar, de modo criativo e eficaz, necessidades e desejos humanos em produtos e sistemas adequados não somente do ponto de vista econômico. O modelo considera também o aspecto social, cultural, ecológico e sustentável das criações. Portanto, muito mais do que um projeto, o Design Social é uma forma de tornar o mundo mais inclusivo.
Desde 2017, vinte das vinte e duas exposições do Cooper Hewitt Smithsonian Design Museum — um museu de design localizado na Museum Mile do Upper East Side, em Manhattan — tiveram características de acessibilidade, que vão desde passeios com descrição visual até aplicativos acessíveis e objetos palpáveis.
Em 2018, a instituição reuniu pensadores relacionados aos campos das deficiências de todo o mundo para participar de simpósios de design. Naquele momento, iniciou também uma parceria com outros museus do Smithsonian para produzir vídeos de treinamento com o objetivo de criar descrições verbais para todas as imagens do seu site, atendendo, assim, ao público com deficiência visual.
Para ampliar ainda mais a conversa e aumentar a conscientização do público em torno do aumento de produtos e serviços acessíveis projetados na última década, o Cooper Hewitt também organizou uma exposição inovadora, a ACCESS + ABILITY. Aberta em dezembro de 2017 e amplamente aclamada, ela demonstra como o Design Social pode fornecer acesso sem precedentes a um mundo que agora inclui mais de um bilhão de pessoas com deficiência. Além disso, também enfatiza a crescente participação desse grupo no processo de criação do design e dá voz a uma diversidade maior de pessoas — o que resulta em soluções que funcionam melhor para todos.
Inspirados nessa proposta, reunimos aqui quatro projetos nos quais o Design Social foi aplicado com o objetivo de tornar o mundo mais inclusivo e derrubar barreiras e preconceitos. Confira a lista abaixo!
Desenhada para suportar terrenos acidentados, essa cadeira possui uma roda e um eixo auxiliares, gerando, assim, estabilidade extra em solos de areia ou lama e em terrenos irregulares. Produzido pela fabricante de cadeiras de rodas Merits, o produto foi uma das peças expostas na ACCESS + ABILITY, do Cooper Hewitt.
Para quem quiser conhecer uma solução semelhante de Design Social presente no Brasil, no nosso estudo de caso Projeto Viva o Laranjal: Transformando uma região com o design de serviços públicos, mostramos como aplicamos a cadeira anfíbia para banho assistido.
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Para enfrentar o desafio diário causado pela Doença de Parkinson de seu marido, a estilista Maura Horton incorporou um sistema de fecho magnético por trás dos botões de uma camisa. Quase imperceptível, o sistema de imãs permite que pessoas com destreza manual reduzida possam se vestir de forma autônoma.
O Design Social não precisa ser aplicado apenas em produtos, ele pode ser usado também em suporte gráfico. O projeto #EscrevaParaLutar, da Roche, tem um objetivo bem simples: desmistificar o Mal de Parkinson e levar informação para os mais de 400 mil portadores da doença. Com a ajuda de um designer, a organização transformou a escrita da professora Sônia Cascino, portadora da doença, em uma tipografia gratuita.
Afastada das salas de aula devido ao Parkinson, Sônia conta que sofreu com o diagnóstico e com o preconceito na área profissional: “as pessoas na escola começavam a me ver como inapta para minhas funções”. Lembrando que o Parkinson causa lentidão dos movimentos motores, tremores, rigidez e instabilidade muscular, mas não afeta o conhecimento, a memória ou o aprendizado.
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Desenvolvido por Hikaru Imamura, quando este ainda era estudante, o Heat Rescue Disaster Recovery é um kit de aquecimento e alimentação que pode ser utilizado em situações de emergência.
Segundo o projeto de Design Social, ele “é feito de um tambor de óleo, que pode simplesmente se transformar em um fogão para aquecer, ferver água e cozinhar. Os tambores podem ser mantidos em depósitos municipais, escritórios da empresa e outros locais. Quando um desastre acontece, eles podem ser enviados para as áreas afetadas e, por serem padronizados, são fáceis de transportar e se transformam em fogões a lenha sem muito esforço. Uma vez que a necessidade tenha passado, podem ser reutilizados”.
Em nosso texto O que é design? Uma visão além da ‘estética bonitinha’, mostramos que o design é um segmento profissional que se dedica à definição de uma melhor qualidade de vida para todo ser humano. No entanto, com a distorção do significado primário da palavra, o termo passou a ser muito associado ao aspecto estético.
Em função disso, surgiu a necessidade de criação de novas linhas de estudos dentro desse vasto campo. Entre elas, está, além do Design Thinking — que utiliza a empatia como base do projeto — o Design Social, que você acabou de conhecer melhor neste artigo.
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