Quando falamos em governar na quarta revolução industrial, estamos falando em deixarmos para trás a forma como governamos atualmente. Precisamos deixar de governar reativamente, para governar proativamente. No livro Design for Policy (sem edição em português), Christian Bason sugere que o design pode reinventar a forma como formulamos políticas públicas para o século XXI. Usando o Design Thinking, podemos impulsionar a busca criativa de novas soluções no âmbito público (e privado).
Em dezembro de 2018, o Dansk Design Center, em Copenhague, reuniu mais de 100 interessados em discutir como a como a governança orientada pelo Design pode ser implementada com sucesso. Os participantes exploraram abordagens, métodos e formas de pensar que poderiam promover uma governança mais voltada para o futuro. Abaixo você confere 4 dicas, resultado deste encontro, segundo o Fórum Econômico Mundial.
Experimentação, laboratórios de políticas públicas, Design Thinking, etc. A linguagem usada por inovadores e designers pode parecer algo empolgante, mas as pessoas não querem “experimentar” uma política pública ou serem colocadas em “laboratórios”. Precisamos repensar a linguagem para que ela seja envolvente e não excludente ou assustadora. No caso do cenário brasileiro, a questão vai além. Muitos dos termos usados neste campo têm origem na língua inglesa. Feedback, design sprint, e por aí vai. Podemos trocar o “feedback” por “resposta”, por exemplo, tornando o conjunto de termos mais acolhedor e promovendo a colaboração entre diferentes perfis.
A política só se torna real quando interage com o mundo real. No entanto, é difícil para os gestores públicos compartilharem e testarem políticas em ambientes da vida real. Isso é problemático, pois aumenta a incerteza sobre os resultados das políticas quando as questões que tentamos resolver se tornam cada vez mais interdependentes e complexas. Isso aumenta os riscos políticos para agir.
A criação de espaços seguros para a inovação de políticas públicas podem ajudar a diminuir o risco, tornando as consequências da falha menos impactante e levando os gestores a se sentirem mais à vontade para tomar iniciativas. Também ajuda a ouvir melhor as respostas e impactos de determinadas ações.
O gestor público tem que atuar mais como um facilitador, do que um criador de políticas. Pode parecer estranho a frase, mas, devido a um conjunto de fatores, sabemos bem que – atualmente – o desenvolvimento de políticas públicas deixou de ser algo “de cima pra baixo”, para se tornar algo colaborativo e composto de um esforço múltiplas partes interessadas. No entanto, isso requer uma mudança de mentalidade para os gestores.
Precisa-se estar aberto para novas ideias e formatos inovadores. O processo colaborativo mostra que cada um dos atores no ecossistema de inovação está ativamente envolvido no processo, não apenas como provedores de respostas, mas como co-criadores. Talvez algumas das mais poderosas soluções futuras para os desafios públicos venham de pequenas startups, e não de empresas já estabelecidas, ou de novos tipos de colaboração social, e não de organizações tradicionais. O desafio está em como podemos trazer esses novos articuladores para “dentro do jogo”.
Ferramentas e métodos inovadores, como laboratório de políticas públicas, muitas vezes são transformados em métodos/processos complexo. Embora quase todas as ferramentas e métodos sejam projetados para melhorar a interação com vários interessados, elas podem se tornar complicadas demais para o engajamento de não especialistas. Desmistificar processos nos ajudará a criar processos colaborativos e acessíveis, agilizando os processos de desenvolvimento de políticas públicas.
Deseja saber mais? Então leia o nosso texto “A 4ª Revolução Industrial e os desafios do setor público”, E lembre-se, um dos pontos fortes da indústria 4.0 é que “as novas tecnologias podem contribuir para tornar a produção industrial mais eficiente, com redução de uso de recursos naturais, de geração de resíduos e de consumo de energia.” Ou seja, a proposta é que a 4ª Revolução Industrial traga com ela uma visão de sustentabilidade. No entanto, essa visão não deve se limitar ao consumo de recursos e/ou geração de resíduos. Precisamos ir além e adotar a sustentabilidade como um conceito base.
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