Nas Filipinas, é bem comum que as famílias investem boa parte de seus recursos para apoiar a educação de seus filhos. Porém, com o aumento dos custos da educação e o mercado de trabalho em uma fase volátil, o retorno atribuído aos estudos não é necessariamente visto como proporcional aos investimentos relacionados à educação.
Tanto famílias quanto gestores públicos buscam entender melhor como investir de maneira mais assertiva em educação e maximizar os resultados positivos. E para apoiar esse esforço, o Asian Development Blog fez, em 2017, uma parceria com o Departamento de Educação das Filipinas para realizar a Pesquisa de Resultados de Investimentos em Educação para Jovens e o Mercado de Trabalho (YEILMOS, em inglês).
A pesquisa examinou muitos fatores que influenciam as escolhas e investimentos em educação dos jovens. Foram analisados 3.750 alunos do 9º ao 11º ano (equivalente ao ensino médio no Brasil), selecionados aleatoriamente, e suas famílias em Metro Manila, Ilocos Sur, Eastern Samar e Davao del Sur.
A análise da pesquisa apresentou várias descobertas interessantes. Os contatos familiares e sociais mais próximos formam a principal fonte de informação para o investimento educacional e as decisões de planejamento de carreira. Os pais também são a principal fonte de informações sobre a carreira dos estudantes e são decisivos quando se trata de tomada de decisão. Curiosamente, os orientadores e conselheiros não tiveram uma classificação alta quando os alunos são solicitados a identificar suas principais fontes de informação ao fazer escolhas educacionais.
Os resultados da pesquisa também sugerem que as decisões relacionadas à educação são tomadas com um alto entendimento das necessidades da própria pessoa, mas com poucas informações sobre a realidade de quanto uma educação pode custar. Em parte, muitos pais subestimam ou superestimam significativamente os valores de um filho no ensino superior. Pais e alunos citaram as dificuldades financeiras como a principal razão pela qual alguns não passam para níveis mais elevados de estudos.
Além disso, os entrevistados relataram a falta de empregos de alta qualidade para pessoas com diploma universitário e qualificações educacionais mais altas. Embora a educação formal, particularmente a educação universitária, seja considerada importante, quase metade dos entrevistados indica que estavam “muito qualificados” para seus empregos.
Primeiro: melhore a qualidade dos programas de orientação profissional. Isso implica na compreensão do interesse, habilidades, aptidão e preferências dos alunos. Significa, também, fornecer informações específicas para uma tomada de decisão mais assertiva, incluindo sobre o mercado de trabalho, como habilidades exigidas pelo setor/empresas na área, disponibilidade de instituições de ensino para o curso/faixa preferidos, entre outras.
As informações sobre programas de assistência financeira, citadas como uma informação muito importante nos planos de educação, e as informações do mercado de trabalho devem ser disponibilizadas. Aqueles que fornecem informações sobre orientação de carreira devem usar uma linguagem simples e que possa ser facilmente entendida por alunos e pais.
Segundo: os pais precisam estar sempre no centro do aconselhamento de carreira, e o processo deve começar cedo. Nas Filipinas, os pais normalmente fazem investimentos educacionais pós-secundários para seus filhos e, portanto, têm maior influência nos resultados. Portanto, as atividades de planejamento e orientação de carreira devem incluir a participação dos pais o mais cedo possível para garantir que eles possam fornecer informações confiáveis e válidas aos filhos.
Terceiro: enquanto as instituições de ensino superior são tradicionalmente fontes confiáveis de informações em outros países, seu importante papel ainda está para ser reconhecido e aplicado nas Filipinas. Dada a proximidade com os empregadores, as universidades e faculdades estão bem posicionadas para fornecer mais informações sobre os padrões de admissão e ofertas de cursos, além de poder falar sobre os resultados de seus graduados no mercado de trabalho.
Quarto: as inovações tecnológicas podem aumentar o impacto dos programas de orientação profissional. No entanto, aqueles que estão nas áreas urbanas usam mais a tecnologia na orientação de carreira do que quem está em áreas rurais. Dado o potencial da tecnologia para fornecer escala e eficiência em relação ao aconselhamento presencial, é necessário um exame mais detalhado para entender como ela pode ser usada para orientação profissional de maneira mais eficiente.
Quinto: se concentrar na criação de mais empregos de alto nível. Os resultados da pesquisa mostram que muitas famílias Filipinas ainda preferem que seus filhos cursem a faculdade, em vez de treinamento técnico e vocacional, na expectativa de obter empregos mais bem remunerados.
Os investimentos em educação devem ser complementados por investimentos também na criação de empregos. Um ambiente propício para empresas e indústria promove a criação de postos de trabalho produtivos, especialmente para os jovens. O trabalho decente também deve ser disponibilizado para aqueles sem faculdade ou graus mais avançados.
A educação é importante e investimentos em educação são necessários. A pesquisa trouxe à tona questões e desafios importantes, mas ao mesmo tempo sugere soluções simples e diretas.
A esperança é que mais pessoas façam essas perguntas práticas para chegar a um equilíbrio em que a quantidade de dinheiro que as famílias e os governos investem na educação se alinhe às recompensas econômicas esperadas.
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