Em um mercado cada vez mais competitivo, a tecnologia se faz cada vez mais presente. O que também é válido para o setor público. Com as novas tecnologias, os processos e burocracias tradicionais podem ser otimizadas. Com isso a modernização traz mais produtividade e flexibilidade aos governos.
Startups de diversos tamanhos e setores disputam em meio a tantas “govtechs” – termo que define empresas desenvolvedoras de tecnologias para aplicação em governos – para se estabelecer como companhias inovadoras e modernas e parceiras de empresas públicas, com ferramentas tecnológicas capazes de aprimorar a qualidade de produtos e serviços oferecidos, elevar a produtividade das equipes, aperfeiçoar a gestão em diversos aspectos e de conquistar um atendimento mais completo, rápido e eficiente para os clientes.
Atualmente, o Brasil é o 44º no ranking de conectividade, divulgado anualmente pela Hhuawei. Entretanto, outros obstáculos precisam ainda ser superados, como o 125º lugar no ranking que avalia a facilidade de se fazer negócios, segundo o Banco Mundial.
Quando o assunto é abertura de empresas, o Brasil também registra grandes diferenças. Em São Paulo, o programa Empreenda Fácil reduziu de o prazo de abertura de novas empresas de 100 dias para 5 dias. Infelizmente, o tempo médio em todo país ainda é grande: 79 dias. Um exemplo interessante é o case da Estônia, onde é possível abrir em 15 minutos – e os empresários gastam, por ano, cerca de R$ 60 bilhões e 1.958 horas de trabalho com a burocracia tributária.
Grandes corporações, lideradas por empresas de tecnologias (especialmente chinesas), foram rápidas ao perceber essas dificuldades. Adquirindo empresas de tecnologia em estágios iniciais – o “comprar ao invés de construir” – conseguiram obter retornos muito positivos. Como exemplo, a compra do aplicativo de transporte brasileiro 99 pela chinesa DiDi Chuxing.
Enquanto essa digitalização e aquisição de serviços ocorre em quase todos os segmentos das indústrias, no setor público ainda é pouco explorado. No entanto, para Alexander de Carvalho, cofundador do fundo de venture capital britânico, as mudanças chegarão em breve. “Governos, e talvez fornecedores governamentais, em particular, representam uma das últimas fronteiras da disrupção tecnológica como a conhecemos. E há evidências de que o setor está pronto para a mudança”.
É verdade que governos sempre necessitam de mais tempo para se adaptar às novas tecnologias. Aversão ao risco, práticas de aquisição que não envolve tecnologias e empecilhos políticos fizeram com que o setor público perdesse terreno nesse contexto.
Porém, temos boas conquistas. A Lei da Inovação (Lei 10.973), promulgada em 2004 e revista em 2016, representou um avanço significativo ao abrir portas para que o setor público forme alianças que incentivem inovação e difusão de tecnologia com outros setores da sociedade como empreendedores, empresas e centros de tecnologia.
De modo geral, conforme as expectativas de cidadãos aumentam e os desafios do setor público se tornam mais complexos, cresce o número de gestores que estão olhando para novas soluções vindas da tecnologia.
As govtechs podem fazer outra leitura sobre o contexto nacional e apresentar soluções a partir de propostas potencialmente simples e objetivas. Teoricamente, é uma parceria ótima. O governo, que carece de soluções ágeis e eficientes, passa a ter a oportunidade de desburocratizar a prestação de serviços em prol da sociedade.
No entanto, para alcançar esse patamar, há muito a ser trabalhado. Para que os casos de sucesso evoluam para um ecossistema amplo de inovação, é preciso articulação entre todos os atores envolvidos: o diálogo entre os poderes Executivo e Legislativo, órgãos de controle e empreendedores é fundamental para que surjam legislações e ambientes capazes de proporcionar segurança e incentivo para a inovação com escala. Só assim, veremos mais casos de sucesso, como a 1Doc, empresa que já impactou mais de 11 milhões de brasileiros, gerando processos mais ágeis e transparentes das demandas da população junto às prefeituras e órgãos públicos.
Só na cidade de Palhoça, município de Santa Catarina com pouco mais de 168 mil habitantes, a govtech gerou uma economia expressiva (que ultrapassa R$ 500 mil) de mais de 740 mil documentos eletrônicos gerados.
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Por que a inovação no setor público é mais importante agora do que nunca? – Não que a necessidade de inovação não fosse necessária anteriormente. Ela também era, só que mais lenta (tanto inovação, quanto a necessidade). Além disso, nunca foi fácil para os governos inovarem. Estamos falando em inovação com escala. Um governo não precisa acompanhar as mudanças externas como a iniciativa privada.
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