Foi-se o tempo em que o design estava relacionado apenas às artes gráficas ou aos produtos “bonitinhos”. Atualmente, ele possui várias ramificações e uma dessas vertentes é a do Design Estratégico.
Inovar tornou-se não mais uma opção, mas, sim, uma constante e uma necessidade para as empresas e para o setor público. Projetar o futuro e desenhar estratégias criativas, inovadoras e sustentáveis no curto e no longo prazo são peças-chave nesse novo contexto — e isso tem tudo a ver com o tema deste artigo.
De forma resumida, o Design Estratégico é um modelo de planejamento que visa a inovação e a sustentabilidade e considera as interações entre os indivíduos envolvidos, direta ou indiretamente, com um serviço ou produto. Quer se aprofundar mais no assunto? Acompanhe!
De acordo com o Sebrae, “o Design Estratégico pode ser usado como ponto central em um modelo de negócio. As metodologias e ferramentas ajudam as empresas [aqui podemos acrescentar: e a administração pública] a entender seus usuários, suas necessidades e seus desejos, bem como suas angústias e irritações”.
No entanto, também existe outro grande diferencial nessa abordagem, que está em privilegiar a colaboração e a orientação à inovação e à sustentabilidade como processo — e não apenas como fim. Ou seja, a inovação e o desenvolvimento sustentável de um projeto são partes do processo e não uma consequência ou um produto final do planejamento.
“O Design Estratégico confere a entidades sociais e de mercado um sistema de regras, crenças, valores e ferramentas para lidar com o ambiente externo, podendo assim evoluir (e assim sobreviver com sucesso), bem como manter e desenvolver sua própria identidade. E, ao fazer isso, influenciar e mudar o ambiente também”. A explicação é de Anna Meroni em Strategic design: where are we now? Reflection around the foundations of a recent discipline (“Design estratégico: Onde estamos agora? Reflexões em torno dos alicerces de uma disciplina recente”, em tradução livre).
No texto publicado em 2008, a então PhD e professora assistente de Design de Serviços e Design Estratégico do Departamento de Design Industrial do Politecnico di Milano, mostra que a abordagem, como mencionamos, visa a colaboração e o desenvolvimento sustentável.
Portanto, o projeto não pode ser apenas elaborado e “lançado” ao seu cenário, ele precisa ser pensado de forma que possa sobreviver de forma sustentável e se relacionar com os atores que o rodeiam.
Um pouco acadêmico demais? Então, vamos simplificar: o Design Estratégico visa criar um plano para que o produto/serviço possa ser sustentável, ou seja, “viver com as próprias pernas” e independente de investimentos — sejam eles financeiros ou de outras naturezas.
Quanto ao relacionamento com os atores que o rodeiam, podemos dizer que um projeto precisa ser pensado não apenas para o seu público final, mas também considerando-se a cadeia de fornecedores, os dependentes, os parceiros e outros envolvidos. Logo, podemos dizer que o Design Estratégico considera o ecossistema, não apenas o produto/serviço.
Ainda, de acordo com Meroni, essa abordagem está baseada em oito pilares principais:
Segundo Manu Nascimento, mestre em Design Estratégico pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em um artigo para o Jornal do Comércio, “o Design Estratégico não está preocupado apenas com a forma em função dos produtos e serviços, mas em gerar soluções que façam sentido a todos os atores do entorno das organizações (colaboradores, fornecedores, mercado e sociedade). Sua forma de agir acaba por complementar as práticas tradicionais da gestão, na medida em que busca um equilíbrio entre a lógica analítica da administração com a lógica exploratória do design”, escreve.
O Design Estratégico é, juntamente com o Design de Serviços, uma das abordagens que utilizamos na metodologia desenvolvida pelo Grupo Tellus para desenhar — de forma colaborativa — estratégias inovadoras de curto, médio e longo prazo para políticas públicas.
De acordo com Germano Guimarães, nosso cofundador e diretor presidente, “acreditamos que o governo tem grande capacidade de entregar valor para a sociedade. Mas que ele deve construir as soluções com os cidadãos, e não para eles”.
Isso significa que o setor público precisa traçar planos estratégicos para inovar e, acima de tudo, deve ter o cidadão como peça central do planejamento — e é nesse ponto que entra a abordagem do Design Estratégico.
Para desenvolver qualquer serviço público ou política pública, o Grupo Tellus foca em observar e entender os cidadãos envolvidos na questão e a sua realidade, pois é a busca por um entendimento profundo do humano que nos leva a encontrar as soluções inovadoras que podem representar grandes mudanças para a sociedade.
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