A gestão pública e a Internet das Coisas (IoT)

A gestão pública e a Internet das Coisas (IoT)

A Internet das Coisas (IoT, em inglês) tem performado como umas das principais tendências globais nesta 4ª revolução industrial. Aplicável em soluções que vão da iluminação residencial ao monitoramento de tráfego terrestre, as soluções são quase infinitas. Impulsionada pela ascensão do 5G, os dispositivos IoT podem trazer benefícios para pessoas, empresas e setor público. Mas vale ressaltar que, para ser considerada uma solução IoT, o sistema precisa ter três características:

  • receber dados digitais originado em sensores;
  • se conectar com uma rede externa;
  • processar informações de forma automática, ou seja, sem intervenção humana.

As soluções da Eco-Counter, empresa dedicada em desenvolver sistemas automáticos para a contagem de pedestres e bicicletas, é um ótimo exemplo de solução IoT aplicada ao cenário público. Com três sensores instalados no Brasil (dois em São Paulo e um em Belo Horizonte), a empresa monitora o volume de ciclistas em ciclovias e pode ser acessado neste link. Foram estes sensores que mostraram que as ciclovias de São Paulo bateram recordes de utilização durante a greve dos caminhoneiro, em 2018.

Em 2017, durante a Futurecom, mais importante evento de tecnologias da informação e comunicação da América Latina, foi apresentado o Plano Nacional de Internet das Coisas, estudo que serviu como diagnóstico e definição das políticas, o plano de ação e as estratégias de implantação das tecnologias para conectar dispositivos e equipamentos. Apoiado pelo BNDES, em parceria com Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), e conduzido pelo consórcio McKinsey/Fundação CPqD/Pereira Neto Macedo Advogados, o plano resultou no BNDES Pilotos IoT, uma seleção de projetos-piloto de testes de soluções tecnológicas de internet das coisas para apoio com recursos não reembolsáveis (de, no mínimo, R$ 1 milhão a cada plano) em três ambientes priorizados: Cidades, saúde e rural.

A gestão pública e a Internet das Coisas (IoT)

Dentre os selecionados, estão soluções como (a lista completa dos selecionados pode ser acessado neste link):

  • Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR) – Monitoramento do estoque e automação dos pedidos de reposição de cilindros de oxigênio, vigilância do consumo e registro da posologia. Município: Recife/PE;
  • Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) – 1 – Monitoramento dos ativos hospitalares (bombas de infusão, macas, cadeiras de rodas e ambulâncias); 2 -Triagem de retinopatia diabética por teleoftalmologia. Município: São Paulo/SP;
  • EMBRAPA Informática: gestão de pragas e maquinário, monitoramento de bem estar animal na bovinocultura de leite e utilização de sistemas de IoT para integração lavoura-pecuária-floresta. Municípios: Carazinho/RS, Santa Maria do Pará/PA, Castanhal/PA, Barbalha/CE, Valença/RJ, São Carlos/SP, São João da Boa Vista/SP, Itatinga-SP, Sinop/MT, Recanto das Emas/DF, Paraí/ RS, Bom Despacho/MG; Boa Esperança/MG, Passos/MG, Cel. Pacheco/MG;
  • Instituto Atlântico – implantação de redes de iluminação pública habilitadoras de soluções de IoT, visando a redução do tempo de deslocamento, aumento da atratividade de transportes públicos e o aumento da capacidade de vigilância para segurança pública. Municípios: Fortaleza e Juazeiro do Norte (CE) e Petrópolis (RJ).

Esses são apenas alguns exemplos apoiados pelo BNDES. Acredita-se que a IoT poderá gerar para os governos no mundo todo ganhos superiores a US$ 4 trilhões até 2022. Nesta mesma previsão, o Brasil aparece no 9º lugar com um potencial estimado em US$ 70 bilhões até 2022. As soluções de IoT são uma das grandes oportunidades na melhora da qualidade de vida da população por meio da gestão eficiente das cidades. Ajustes no tempo de abertura dos semáforos podem desafogar o trânsito de grandes cidades, enquanto monitoramento meteorológico e do solo podem aumentar a produtividade no campo e diminuir os custos no campo.

“Os grandes benefícios para a sociedade devem ocorrer nos serviços públicos. Se bem aplicada, a internet das coisas deverá melhorar o trânsito, os serviços médicos, o transporte público e uma imensa variedade de aplicações que ajudarão as pessoas. Certamente a IoT vai levar a uma redução dos desperdícios de recursos”, conclui Gabriel Marão, presidente do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.

Imagem Destaque – Por Ollyy/Shutterstock