“Pela primeira vez na história moderna, cinco gerações trabalharão lado a lado”, é com essa frase, do CEO da Dell, Michael Dell, que começamos o texto de hoje. Parece algo simples, mas isso deve gerar mudanças acentuadas na forma como trabalhamos. E os serviços públicos não estão fora desta mudança. Nos últimos anos, uma nova geração de servidores tem ingressado no setor público. Composta por millennials (nascidos após o início da década de 1980 e até ao início da década de 1990 e também conhecidos como Geração Y), a nova cara dos serviços públicos tem mudado com perfil dos seus concursados.
No entanto, o serviço público tem um desafio. Nos EUA, os millennials representam apenas 18% da força de trabalho federal. Além disso, acredita-se que cerca de 25% dos servidores atuais vão se aposentar dentro de cinco anos. No Brasil, a renovação de funcionários públicos em cargos eletivos já têm visto um impacto considerável. Segundo a Época Negócios, “um em cada cinco dos 243 eleitos que nunca ocuparam uma cadeira na Câmara dos Deputados têm até 35 anos. Entre eles, seis têm até 24 anos.” Segundo Celeste O’Dea, gerente sênior de estratégia de aplicação do setor público e desenvolvimento de negócios da Oracle, “nossa sociedade está enfrentando uma força de trabalho que está se aposentando a uma taxa de 10.000 empregados por dia. O problema é ainda mais agudo para as agências governamentais, onde, em média, a força de trabalho é de cinco a dez anos mais velha do que no setor privado. Para substituir essa força de trabalho que está se aposentando, as agências precisam trabalhar mais e de forma mais criativa – inclusive usando novas tecnologias digitais – para atrair e reter talentos. A boa notícia é que essas tecnologias já estão disponíveis.”
As agências federais devem tratar essa lacuna/demanda por tecnologias e novas formas de trabalho como uma oportunidade de transformar digitalmente as estruturas organizacionais tradicionais que podem estar limitando seu potencial para atrair talentos da geração do milênio. E não podemos esquecer que, depois dos millennials já existem duas novas gerações (a Geração Z e a Geração Alpha). “O principal fator que diferencia a Geração Z dos millennials é um elemento de autoconsciência, em vez do egocentrismo”, comenta Marcie Merriman, diretora executiva da Ernst & Young, no relatório “Rise of gen Z: New challenge for retailers”. Ou seja, as oportunidades dos millennials são apenas a ponta do iceberg.
Segundo a servidora Giselle Gobbi, em entrevista para o site Folha Dirigida, “esses jovens valorizam o meio ambiente, o desenvolvimento sustentável, a ética e as relações humanas. São criativos, menos consumistas e possuem a vontade de mudar o mundo. Só se envolvem com o que gostam e que possam lhes trazer satisfação pessoal. Trabalhar tem mais a ver com realização pessoal do que com cumprir uma etapa indispensável de estar no mundo adulto.”
Embora a geração do milênio seja atraída por oportunidades profissionais que envolvam impacto social, as percepções em relação aos governos são de que as carreiras neste âmbito são burocráticas e menos inovadoras do que o setor privado, o que pode dificultar a atração de novos talentos. De acordo com o relatório “Digital organizations: The public sector’s millennial opportunity”, da consultoria Deloitte, “muitos líderes do governo devem começar a mudar a maneira como pensam, agem e reagem na era digital.” Além disso, “os líderes do governo podem começar investindo em treinamentos que promovam um ambiente inovador, colaborativo e envolvente (…) Usar a tecnologia para mudar onde os novos funcionários concentram seu tempo pode afetar de maneira tangível a realidade do serviço público.” Ou seja, só conseguimos inserir as novas gerações nos serviços públicos, se inovarmos. Mas só conseguimos inovar, inserindo as novas gerações. O que acaba gerando um círculo virtuoso para um setor que precisa e almeja pela inovação. Na sua opinião, o que pode ser feito para atrair essa geração para o serviço público? Deixe seus comentários abaixo.
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