“Os laboratórios de inovação (i-labs) têm se tornado cada vez mais populares no setor público. Em 2013, o Parsons Desis Lab – laboratório Parson de Design para Inovação Social e Sustentabilidade –, criado pela New School, publicou a Constelação 1.0 de Laboratórios de Inovação do Governo, cobrindo dezesseis conjuntos de inovações.” Segundo o estudo “Descobrindo Laboratórios de Inovação no Setor Público”, publicado no Repositório do Conhecimento do IPEA, “os i-labs [laboratório de inovação] possuem diferentes versões de várias organizações existentes: como híbridas de grupo de pensadores (think tanks), laboratórios digitais de pesquisa e desenvolvimento (P&D), empreendimentos sociais e organizações beneficentes.”
Em um cenário de Revolução 4.0, como já falamos anteriormente no texto “A 4ª Revolução Industrial e os desafios do setor público”, os governos estão sitiados pela adoção e difusão das tecnologias de informação e comunicação (TICs) e as possibilidades criadas por elas, desde mecanismos de retroalimentação participativos até a utilização de web analytics e megadados. Além disso, o surgimento dos i-labs no setor público pode ser ligado a debates teóricos mais amplos sobre inovações organizacionais e tecnológicas.
Ainda segundo o estudo, “as organizações do setor público estão usando novas possibilidades tecnológicas, mas, até agora, suas habilidades de inovação estão primariamente concentradas em processos administrativos internos, e, portanto, a diversidade em abordagens e projetos é baixa e concentrada em mudanças incrementais.” E completa, “no nível municipal, a cidade inteligente e outras abordagens inovadoras e novas soluções de serviços têm sido lideradas principalmente pela indústria [setor privado]. O setor público, no entanto, não é alheio ao uso de testes de pequena escala. Ao mesmo tempo, a inovação do setor público é vista como necessária, diante dos problemas complexos da sociedade e da reforma do tradicional Estado de bem-estar.”
No geral, “os i-labs foram criados para permitir abordagens interdisciplinares e orientadas ao cidadão, enquanto, ao mesmo tempo, produzem a maior parte de seu trabalho para (ou com) os departamentos ministeriais e outras entidades do governo”. Segundo o estudo, o grupo-alvo dos laboratórios de inovação no Brasil são departamentos ministeriais, seguido, respectivamente de, unidades em nível administrativo local, agências governamentais e secretaria estadual do governo. O estudo afirma que “mais de 60% dos gestores de i-labs [dos 11 laboratórios analisados] concordaram com a necessidade de o laboratório ter uma coordenação com outras entidades governamentais em nível nacional; e 70%, com a coordenação com o governo local/ regional.”
No âmbito do investimento, tipicamente, o estudo afirma que “os i-labs possuem orçamentos relativamente baixos e são geralmente organizações fluidas e, portanto, dependentes dos recursos (fundos, recursos humanos) que puderem obter externamente. Os i-labs tendem a ser estruturas pequenas, especializadas em experimentos rápidos, que geralmente não têm a capacidade e a autoridade de influenciar de forma significativa a melhoria de novas soluções e processos”. De acordo com o estudo, isso não é um problema. “O tamanho pequeno é até mesmo preferido pelos i-labs, já que isso lhes permite manter agilidade e autonomia, pois, com orçamentos maiores, o controle hierárquico tende a aumentar.”
Leia também:
Confira 13 eventos online sobre design e inovação para participar em 2021
Saúde em Ação: como políticas públicas de saúde voltadas à atenção básica podem ampliar acesso e melhorar atendimento no SUS
Agência Tellus sistematiza experiências em Programa Piloto de Inovação na Gestão Pública