Nos últimos textos, principalmente no “A gestão pública e a Internet das Coisas”, falamos sobre soluções que impactarão as nossas vidas e estão sendo impulsionada pela ascensão do 5G. Mas, afinal, o que é o 5G? Além de ser uma rede muito mais rápida (estima-se que a quinta geração de internet móvel possa atingir velocidades de 10GB/s), a nova tecnologia possui uma latência bem inferior a rede 4G (são 5ms contra 30ms da atual, ou seja, além de mais rápida, a qualidade da conexão é muito melhor, pois a latência é o tempo que um pacote de dados leva para ir de um ponto a outro) e o volume de aparelhos conectados por área é quase 100 vezes maior do que o atual. Além disso, a rede 5G consome 90% menos energia e isso fará com que a duração da bateria dos dispositivos possa ser maior.
Para evitar que ocorra compartilhamento de frequências e outros problemas da rede 4G (um exemplo: atualmente, as frequências entre 698 MHz ou canal 52 até 806 MHz, canal 69, da TV digital, são usadas pelas operadoras de telefonia), o atual presidente da Anatel, Leonardo Morais, anunciou que o leilão da rede 5G no Brasil ocorrerá em março de 2020 e serão vendidas 200 MHz na frequência de 3,5 GHz; 100 MHz na faixa de 2,3 GHz; e 10 MHz na sobra da frequência de 700 MHz. Para as faixas mais baixas, a Anatel estabelecerá metas de cobertura e para a frequência de 3,5 GHz, meta de capacidade. Parece complicado, mas não é tanto. Imagine que cada frequência é um andar de um prédio e, em alguns casos, esse andar – que deveriam comportar apenas um “morador” – é compartilhado.
Para evitar que os “andares” das rede 5G sejam compartilhados, a Anatel afirmou que o edital “não tem como foco arrecadar recursos para o governo federal” e não serão vendidas todas as frequências disponíveis, pois, segundo o site Tele.Síntese, “Morais disse que os testes para apurar o problema de interferência entre os serviços móveis e a banda C da TV via satélite, na frequência de 3,5 GHz, continuam a ser feitos (…) A Anatel ainda não decidiu como fará a modelagem para resolver o legado dos conversores de TV. Esses equipamentos, por não terem o certificado da Anatel, ‘entram’ na frequência de 3,5 GHz, que será vendida para as operadoras de telefonia celular.”
Apesar de todos estes desafios, a rede 5G deve ser mais organizada que as atuais redes e a versão comercial deve chegar aos consumidores em 2023. De acordo com o site Olhar Digital, o diretor da GSMA no Brasil, Amadeu Castro, afirmou que “feito o leilão, estamos falando do começo de 2020, se tem, em geral, 18 meses entre fechar o leilão e fazer o lançamento comercial como obrigação do leilão. Então nós já estamos falando de 2021 até o começo de 2022. Então, se não será em 2025 como estava previsto há um ano, não vai ser muito melhor do que 2023 para se ter o 5G comercial.” Seja em 2023 ou em 2025, temos poucos anos para ver uma revolução de soluções IoT começarem a surgir no Brasil (e no mundo).
Para acelerar a chegada desta nova “onda”, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Informações e Comunicações (MCTIC) assinou dois memorandos de entendimento com a Europa para o intercâmbio de informações e experiências sobre tecnologia 5G e IoT. O primeiro, referente à tecnologia 5G, foi firmado entre o MCTIC, a Telebras e a 5G Infrastructure Association (5GIA), uma organização que reúne empresas e desenvolvedores da tecnologia na União Europeia. Segundo a associação, o Brasil é um dos quatro países estratégicos para a colaboração conjunta no desenvolvimento da tecnologia, ao lado da China, Japão e Coreia do Sul.
Já o segundo acordo foi firmado entre o MCTIC, a Associação Brasileira de Internet das Coisas e a European Alliance for Internet of Things (AIOTI). “Nossa ideia é trabalhar em projetos reais e alcançar progressos reais. Os problemas e soluções brasileiros às vezes não são os mesmos dos europeus e podem ser discutidos e utilizados pela outra parte. É uma situação ganha-ganha”, afirmou o secretário de Política de Informática do MCTIC, Maximiliano Martinhão, que assinou os documentos durante o Mobile World Congress 2019, em Barcelona, na Espanha.
Concluído a implementação do 5G no Brasil, o país poderá receber uma infinidade de soluções IoT, seja no setor público ou privado. Caso queira saber de sobre as oportunidades neste cenário, sugiro que leia os textos “A gestão pública e a Internet das Coisas” e “A 4ª Revolução Industrial e os desafios do setor público”.
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