Quais são os pontos que você considera ao escolher um novo lugar para morar? Geralmente, nós prestamos atenção em coisas como a segurança, as opções de comércio e transporte da redondeza, se é perto ou não do trabalho ou de familiares próximos. Mas você já escolheu uma nova casa avaliando a “inteligência” do bairro ou até mesmo da cidade? Provavelmente a resposta para essa pergunta foi um simples “não”, mas é possível que isso mude em um futuro muito próximo. Há alguns anos, estamos percebendo que empresas de tecnologia estão se interessando cada vez mais em criar suas próprias cidades inteligentes; e parece que mais um nome irá entrar na lista.
Em 2017, Jeffrey Berns fez uma fortuna vendendo criptomoedas. Em 2018, ele comprou uma área de mais de 27.000 hectares, no estado de Nevada (EUA), e quer transformá-la em uma cidade inteligente alimentada por blockchain. O local foi nomeado de Innovation Park e seus vizinhos são gigantes da tecnologia, com nomes muito bem conhecidos no mundo todo, como Google, Apple e Tesla. A área também abriga a sede da empresa do próprio Jeffrey Berns, a Blockchains – uma incubadora que apoia empresas usando a tecnologia blockchain.
Você provavelmente já está familiarizado com esse termo, mas é sempre bom lembrar: blockchain é um conjunto de registros digitais que rastreiam transações cronológica e publicamente. Esses registros descentralizados não são vinculados a um governo ou autoridade específicos, e facilitam a transação de moedas digitais, como Bitcoin e Ether.
A ideia que Berns tem para sua cidade inteligente é um modelo com uma infraestrutura que possibilita que todas as interações sejam feitas por blockchain, além de garantir aos habitantes um controle maior da privacidade de suas informações pessoais. Ou seja, os moradores de Innovation Park poderão realizar transações bancárias e até mesmo votar sem precisar envolver empresas intermediárias ou o governo no processo.
“Múltiplas tecnologias inovadoras vão mudar a maneira como seus moradores interagem diariamente e a blockchain estará no centro de tudo – mantendo os sistemas honestos, justos e democráticos,” diz a Blockchains em seu site oficial.
Além de construções residenciais para os milhares de habitantes de Innovation Park, o projeto arquitetônico, assinado pelas empresas Ehrlich Yanai Rhee Chaney Architects e Tom Wiscombe Architecture, também conta com um parque que engloba conceitos de alta segurança, inteligência artificial, impressão 3D e nanotecnologia. Espaços para instituições financeiras e conceitos de varejo, centros cívicos e áreas verdes para promover reuniões de grupos e desenvolvimento de ideias também estão inclusos na proposta. E os veículos autônomos e elétricos não foram deixados de fora da cidade inteligente de Jeffrey Berns – lá, eles também são vistos dentro e fora dos edifícios. Innovation Park também usará fontes de energia renováveis, como energia solar e eólica, e água reciclada.
O conceito de cidade inteligente vem sendo cada vez mais utilizado por grandes empresas, principalmente na América do Norte. Mesmo sendo desenvolvida em cima de um conceito inovador, o projeto de Jeffrey Berns já segue os modelos de projetos anunciados por Bill Gates (em Phoenix, no Arizona) e pelo Google (Quayside, que está sendo construída em Toronto, no Canadá). Claro, não estamos falando de algo 100% inédito, mas é curioso ver essa movimentação das pessoas mais ricas do mundo quebrando as paredes de suas casas e escritórios, e pensando no desenvolvimento de suas próprias comunidades.
No momento, Berns está aguardando a aprovação final do projeto de Innovation Park, e os planos são de que as construções comecem ainda em 2019. “Esta será a maior coisa de todas, ou o maior fracasso da história da humanidade”, disse o empresário ao New York Times. “Eu não sei qual dessas possibilidades é a correta. Acredito que a primeira. Mas, de qualquer forma, vai ser uma experiência incrível.”
A iniciativa de Berns é algo grandioso, mas não é algo feito em cocriação com a população que irá povoar Innovation Park. E se o projeto fosse construído com os cidadãos? Talvez em um formato de urbanismo open source? Isso é algo que veremos mais pra frente, em outros textos sobre cidade, urbanismo e Design de Serviços Públicos.
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