Após a onda de fintechs revolucionarem a forma como nos relacionamos como serviços financeiros, como bancos e cartões de crédito, a promessa dos próximos anos são as govtechs, infraestruturas de tecnologia usadas para melhorar e inovar a forma como governo e cidadãos se relacionam e acessam serviços. Apesar do termo descolado e com a cara do ecossistema de startups, os govtechs são algo bem parecido com o Design de Serviços Públicos (um dos pilares de atuação do Tellus), só que voltado para o cenário de tecnologia.
A ideia de colocar este tipo de tecnologia no cenário público, principalmente o brasileiro, visa em resolver uma coisa que reclamamos corriqueiramente: a burocracia. Com soluções que incluem inteligência artificial, blockchain e outras soluções de pontas, o conceito de govtechs ajuda a melhorar a agilidade, produtividade, segurança e controle dos serviços prestados pelo governo.
No Brasil, alguns órgãos já adotaram a tecnologia de bots, robôs virtuais com inteligência artificial, para agilizar o atendimento de alguns serviços. A Controladoria-Geral da União, por exemplo, possui a “Cida”, um bot de Facebook que recebe denúncias, sugestões e reclamações sobre o órgão. Segundo o CGU, o robô simula um diálogo de atendimento e, após receber a solicitação, busca no banco de dados da pasta uma resposta adequada.
Já no Tribunal de Contas da União, três bots fazem a varredura nos sistemas a fim de servir como apoio ao trabalho de fiscalização e elaboração de contratos de licitações. “Alice”, “Sofia” e “Mônica” analisam editais, atas de preços e relatórios de auditores do tribunal na busca por fraudes e irregularidades. De acordo com Wesley Vaz Silva, diretor da Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação do TCU, em entrevista para o portal G1, “esse tipo de trabalho poderia ser feito por humanos, mas seria muito custoso porque são, em média, 200 editais por dia”.
Outro órgão que decidiu adotar o bot com inteligência artificial foi o Superior Tribunal Federal. Com um acervo enorme de processos, “Victor” (bot do STF) é responsável por converter imagens em textos, agilizando os trabalhos em processos.
No entanto, os robôs não têm sido utilizados apenas por órgãos públicos. O projeto ”Operação Serenata de Amor” usa inteligência artificial para controle social da administração pública. O grupo, formado por pesquisadores espalhados pelo mundo, criou a “Rosie”, uma inteligência artificial capaz de analisar os gastos reembolsados pela Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), de deputados federais e senadores, feitos durante o exercício de sua função, identificando suspeitas e incentivando a população a questioná-los. Junto à “Rosie”, o “Jarbas” é outra criação do grupo, no formato de site onde é possível navegar pelos gastos e descobrir mais sobre cada suspeita, de maneira simples e descomplicada. O InovaSocial entrevistou Felipe Cabral, um dos idealizadores da Operação Serenata de Amor, e publicou a conversa no podcast da plataforma (ouça abaixo).
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